covid-19

VÍDEO: em Santa Maria, mais de 6 mil pessoas estão com a segunda dose em atraso

Arianne Lima e Gilson Alves

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Foto: Renan Mattos (Diário)

Com a chegada de vacinas para a imunização da população brasileira contra o coronavírus, estados e municípios têm se empenhado em reduzir os índices de pessoas hospitalizadas e de vítimas da doença. Em Santa Maria, as ações de aplicação da primeira dose já atingiram os públicos acima de 18 anos, abrindo possibilidades para imunização de outros grupos, além de iniciar a dose reforço em idosos. Apesar de ter chegado a aplicar a primeira dose a todos grupos de adultos, a preocupação se volta, neste momento, a reforçar a campanha para que as pessoas não deixem de tomar a segunda dose, completando corretamente o esquema vacinal. Até terça-feira, cerca de 6.189 pessoas estavam com a segunda dose em atraso no município.

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MOTIVOS

Na terça-feira à tarde, foram realizadas ações de segundas doses atrasadas para Covid-19 em dois pontos da cidade. No Centro Social Urbano, no Bairro Passo D'Areia, foram distribuídas 300 fichas. A ação começou às 13h30min, mas, às 10h já havia fila no local. Entre as principais reclamações que justifica os atrasos está a falta de informação sobre as antecipações.O militar da reserva Flavio Ferreira, 55 anos, alega que há falta de divulgação nas alterações de datas de imunização.

- Eu procurei a segunda dose dentro da data. Houve antecipação e eu não fui informado. Diz que estava no site da prefeitura, mas, nem todo mundo abre o site da prefeitura todos os dias. Teria que haver uma divulgação maior, ou que as doses fossem disponibilizadas em mais postos de saúde - opina Ferreira.

A cuidadora Lili de Souza Almeida, 57 anos, deixou atrasar a segunda dose, porque na data inicialmente marcada estava gripada.

- A minha segunda dose foi adiantada para a semana passada. Mas, como eu estava bastante resfriada, não achei adequado tomar a vacina. Gostaria de ter tomado antes, mas a gripe me atrasou - conta Lili.

O agricultor Evandro Roque Hundertmarck, 57 anos, teve compromissos profissionais e não ficou sabendo da antecipação em tempo.

- Eu estava trabalhando na lavoura e não fiquei sabendo. Quando fiquei sabendo, já era tarde, aí vim para esta ação que atende quem ficou para trás - justifica Hundertmarck.

Já o porteiro André Marques da Silva, 45 anos, foi infectado pela Covid-19 entre a primeira e a segunda dose e precisou esperar mais tempo para completar o esquema vacinal. 

- Eu peguei o coronavírus. Fiquei ruim, de cama uma semana, tomando uma série de medicamentos. Quando estava marcada a minha segunda dose, eu não pude ir, pois já estava com febre e infectado. Fiquei, inclusive, quase um mês afastado do trabalho. Agora estou bem e vim para ficar imunizado. Porém, para hoje, não consegui ficha - explica Silva.


AÇÕES
A primeira ação de vacinação destinada à aplicação de segundas doses começou em 11 de março com idosos acima de 85 anos, que receberam a primeira dose da Coronavac/Butantan em 11 de fevereiro. A campanha foi realizada em nove locais do município e foram disponibilizadas 1.927 doses para a imunização, número referente ao quantitativo aplicado na primeira dose. Na ocasião, apenas 170 idosos não compareceram. De março até setembro, os índices de abstenções em ações que visam completar o quadro vacinal têm crescido, exigindo a  realização de 3 a 4 ações.

De acordo com a secretária adjunta de saúde, Ana Paula Seerig, as abstenções relacionadas a vacinas com intervalo de 12 semanas entre doses, como é o caso de Oxford/Astrazeneca e Pfizer, vêm sendo observadas há cerca de três meses. A estratégia encontrada foi a ampliação dos horários e locais para contemplar os grupos em atraso.

- No início, tínhamos apenas a unidade Crossetti disponível para as doses desses retardatários ou das pessoas que perderam o dia da vacina. Ocorre que nós vimos a necessidade de, além de uma unidade de saúde (UBS), ofertar essa oportunidade em outras. Por isso, fizemos a ampliação de UBS e dias que essas pessoas podem acessar essas unidades, para a realização da segunda dose - argumenta.

Ainda segundo Ana Paula, nas últimas semanas, a Secretaria de Saúde tem liberado a aplicação da segunda dose em três turnos no Centro Social Urbano Maria Ribas De Nardin, no Bairro Passo D'Areia e na UBS Waldir Aita Mozzaquatro, no Bairro João Goulart. Calcula-se que mais de 50 ações de segunda dose tenham sido realizadas até o momento. Entre março e maio, o quantitativo foi menor, havendo semanas em que somente um dia era destinado aos atrasados. A cada semana, o índice é reavaliado para que novas estratégias planejadas. Segundo Ana Seerig, a Secretaria de Saúde não trabalha com um tempo limite para diminuir drasticamente o atual quantitativo:

- Estamos tentando mudar turnos e dias para tentar contemplar as pessoas. A nossa perspectiva de um mundo ideal seria a de que conseguíssemos dar conta e tivéssemos um número muito reduzido de pessoas faltantes. Por isso, é difícil dizer que vai até novembro. Vamos continuar oferecendo a possibilidade de que as pessoas possam acessar, para que o quanto antes, consigamos dar conta dessa demanda reprimida.

Para isso, além de datas específicas, os profissionais de saúde presentes em ações divulgadas semanalmente têm sido orientados a receber qualquer pessoa que esteja em busca de segunda dose, desde que cumpra com alguns requisitos.

- Se chegou, é possível fazer no dia e obviamente é aquela vacina, independente do lugar onde foi feita a primeira dose, desde que tenha um documento e uma comprovação de que precisa da segunda dose, buscaremos ajustar na medida do possível - afirma Ana Seerig.

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ORIENTAÇÃO

A médica epidemiologista, que também é professora do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Rosângela da Costa Lima enfatiza que, ao contrário de outras doenças, a Covid-19 tem exigido que pensemos uns nos outros, visando evitar a contaminação e propagação do vírus. Neste processo, usar máscara, manter o distanciamento, apostar na vacina e completar o esquema vacinal são passos fundamentais. A importância de cada etapa da imunização é descrita em poucas palavras:

- A primeira dose estimula a produção de anticorpos no nosso corpo. Já na segunda, a estimulação vem com a garantia que o nosso corpo vai nos proteger quando esse vírus entrar em contato - conclui Rosângela. 

Quando questiona sobre as abstenções em ações de segunda dose, a professora argumenta que, além dos fatores como desinformação, esquecimento ou outros compromissos, o medo às reações causadas pelas vacinas podem estar levando muitos santa-marienses a não darem continuidade a imunização.

- As pessoas estão com muito medo da vacina e isso tem nos atrapalhado muito,porque não estamos conseguindo reverter. Acho que esse é um fator importante, porque toda vez que sai a informação sobre um efeito colateral da vacina, mesmo que seja um em 48 milhões de pessoas, é dado uma super valorização a este problema que ocorreu. E não é dado quantas vidas essa vacina salvou. Quantas pessoas não foram intubadas, estão vivas e com as famílias - comenta a profissional, argumentando que os resultados positivos podem encorajar a quem precisa.

Mesmo levando em consideração os motivos citados anteriormente, a epidemiologista faz questão de afirmar que o mais relevante, no período de variantes da doença, é que haja interesse e procura por parte da população:

- Independente do tempo que passou, vá e faça a segunda dose. Porque, o mais importante é fazer logo.

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Foto: Renan Mattos (Diário)

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